segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Convivendo com o "TRANSPORTE PÚBLICO DE QUALIDADE"

Famoso trem espanhol que eu honrosamente "pego" todos os dias

Há alguns meses abandonei a pacata cidade em que vivia (como se Bauru tivesse algo de pacato..rsrs..). É bonito dizer que vivíamos em algum lugar né.. Dá uma visão de conjunto, diferente de dizer que morávamos em algum lugar. Morar é restritivo, fica parecendo que morar era a única coisa que você fazia em determinado lugar. Mas viver é diferente, viver te liga com diversas coisas: com as pessoas que você convive, com o seu trabalho, com os seus estudos, com as coisas que você gosta..

Enfim... há alguns meses modifiquei todas estas coisas para viver na CIDADE GRANDE e viver em cidade grande inclui fazer uso de recursos coletivos como o "TRANSPORTE PÚBLICO DE QUALIDADE". Quem não os utiliza nunca conhecerá o prazer que ele proporciona, assim como quem utiliza também nunca conhecerá, pois este prazer inexiste.

Andar de metrô ou trem em São Paulo só é a melhor forma de ir ou vir para quem não usa estes meios de transportes, porque na teoria tudo é lindo e os DIRIGENTES (como eles mesmo anunciam nas estações em dias de "Fale Conosco") provavelmente não devem utilizá-los e se utilizam, com certeza não deve ser em horário de pico. Quem quiser comprovar o que digo, compareça à Estação da Luz de segunda à sexta-feira por volta das 18h00 e acompanhe os passageiros que embarcam rumo a Guaianazes. É de dar pena. O trem vem vazio, mas todos parecem um bando de animais se empurrando e gritando, para ver quem consegue um lugar pra sentar. Ainda vai acabar acontecendo uma tragédia naquele trem, vão acabar pisoteando alguém.

Um dia estava conversando com um rapaz que trabalha comigo e ele disse que morava na Zona Leste e que portanto pegava aquele trem. Então,eu disse que devia ser duro ter que pegar aquele trem todos os dias, aí ele me disse que aquele trem é bom, confortável (isso realmente é, mas ele nem sequer citou a loucura que é para conseguir entrar nele), foi aí que eu me lembrei de um texto do Eugênio Mussak chamado " A Crise da Percepção". Nele, ele conta uma conversa que teve com um físico austríaco em uma viagem ao Pantanal, de como cenas degradantes tem a capacidade de criar uma cegueira coletiva, um déficit de percepção sobre elas mesmas. Nas palavras dele " Para que não nos façam mal, fingimos que não vemos, pois a mente tem uma defesa para manter sua integridade". E creio que é isto que acontece mesmo, para que aquela rotina não nos adoeça, passamos a banálizá-la e vê-la como algo normal.

Confesso que me policio muito para que eu não passe a ver normalidade naquilo e passe a agir da mesma maneira como eu tanto abomino. Procuro apartamento para alugar em São Paulo há alguns meses e um diferencial para mim, seria não ter que ir até a Estação da Luz para ir trabalhar, pois aquilo é extremamente estressante pra mim. Não descreveria nem como raiva, nem como tristeza, é um inconformismo mesmo, por não entender por que aquelas pessoas agem daquela maneira. Está tudo errado...

Ahhh.. mas tem mais uma coisa que só acontece no "TRANSPORTE PÚBLICO DE QUALIDADE". Embarco no trem por volta das 06h35 na estação Guapituba. O trem já vem lotado, mas o ar-condicionado está ligado (esse trem é chique, é o conhecido trem espanhol, não tem janelas para serem abertas, apenas ar-condicionado) então a temperatura é bastante fria. Mas eis que existe um maquinista, que eu pretendo nunca conhecer na minha vida, pois com certeza o xingaria, que quando chega na estação de Capuava ou Santo André, simplesmente desliga o ar e salve-se quem puder (enquanto o FDP deve estar com a janelinha dele aberta e tomando vento no rosto à vontade), o trem começa ficar em um estado de abafamento que por mais frio que o dia esteja (e olha que isso acontece principalmente em dias de chuva) se torna impossível ficar de blusa, isso quando alguém não começa a passar mal. Da última vez, havia uma grávida no trem que começou a gritar com o guarda quando chegou na estação de São Caetano para que pedisse ao maquinista para ligar o ar, o que ocorreria de qualquer maneira, pois São Caetano ou Tamanduateí é sempre a estação que ele religa o ar, pra ninguém chegar suado na Luz, claaaaaro!! O trem que ocorre isto é o que possui o vagão C125 (já decorei porque pego sempre o mesmo trem). Antes eu achava que isso ocorria para economizar energia, mas se a finalidade fosse essa, isso ocorreria em qualquer trem e não apenas nesse.

A primeira mensagem do maquinista assim que embarcamos é "Os assentos com indicação são de uso preferencial, respeite este direito". Aí me responda, aquele povo que quase morreu desidratado, por causa do ar desligado, vai pensar em respeitar o direito de alguém?? Pouco provável... E a viagem segue com a grávida e o idoso de pé, o barrigudo sentado e todos no mais pleno mal humor. É por causa de situações como essas que de vez em quando surge um maluco em "Dia de Fúria"...

Mas de uma coisa eu tenho certeza: escada rolante desligada em horário de pico, é estratégia para tornar mais morosa a chegada dos passageiros à plataforma destino, fazendo com que ela demore mais a ficar lotada. Portanto, se chegar na estação Barra Funda ou Luz e a escada estiver desligada, pode acreditar: o trem está atrasado. Ahh, falando em escada rolante me recordei do dominó da Luz. É uma situação que só ocorre nesta estação: Pela manhã, desembarco na plataforma 1, para embarcar na plataforma 2, porém nesta plataforma há o desembarque de quem vem de Francisco Morato de um lado e de quem vem de Guaianazes do outro (esta plataforma é do meio, a plataforma da loucura no embarque pra Guaianazes é a plataforma 4). Então pensem, 1 plataforma para comportar pessoas de 3 direções diferentes. É quando ocorre o "Efeito Dominó".. As pessoas que chegam querem descer e se aglomeram no topo das escadas e simplesmente fecham o caminho de quem está subindo (eu, no caso), só que o único problema é que a escada é rolante, não dá pra parar e vira um amontoado de gente no topo da escada, um trombando no outro sem conseguir sair da escada, aí tenho que fazer o que eu mais odeio: empurrar quem está na frente se eu não quiser ser empurrada.

Aí eu me pergunto, o "Fale Conosco" com os DIRIGENTES adianta??

E a vida segue... com todos aprendendo conviver com tudo que o "TRANSPORTE PÚBLICO DE QUALIDADE" tem a oferecer... Salve CPTM!!!

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Um pouquinho de música...

Sei como que as coisas são
Mas nunca que vou compreender
Ignorância e julgamento sem porquê
Idéias que foram deixadas para trás
Seguir em frente, o que passou não volta mais

Facilmente não existe por aqui
Simplesmente não é assim como se diz
Posso até estar errado, mas nem penso em desistir

Desconfio que foi sempre assim
Chega de mentir e de iludir
Encarar de frente é o que temos a fazer
Desconfio que é bem melhor assim

Ouvi dizer, muitos não estão mais nem ai
Para as palavras de um homem que está bem perto daqui
Melhor correr enquanto há tempo para nós
Antes que tudo vá pros ares sem ouvirem a nossa voz

Facilmente não existe por aqui
Simplesmente não é assim como se diz
Mesmo assim não vou me arrepender daquilo que não fiz

CPM22 "Desconfio"

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